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CHURRASCARIA COREANA

Gastronomia

Ano: 2023

Local: São Paulo/ SP




Área: Térreo - 334,00², Primeiro Pavimento 136,90m². 

Área Total Projetada: 470,90m². 

Churrascaria Coreana: Entre a tradição e a arquitetura estra

Transformar um antigo galpão industrial, que já havia abrigado uma mecânica, em um restaurante de origem coreana não é apenas uma mudança de função — é uma reinterpretação completa do espaço, da operação e da experiência que ele deve proporcionar. Localizado em uma área central e turística de São Paulo, o imóvel apresentava um pé-direito generoso de 6,5 metros, um pequeno mezanino e uma edícula externa. A edificação original seria mantida, e um dos desafios, estava em conectar suas partes e integrar volumes distintos, garantindo funcionalidade e atmosfera para o novo uso.


O cliente sabia exatamente quais funções o restaurante deveria abrigar e tinha um desejo claro: preservar o pé-direito alto. Essa decisão, embora valorizasse a imponência do espaço, exigia soluções de arquitetura para evitar que o salão se tornasse frio ou pouco acolhedor, especialmente considerando o ticket médio que o negócio precisava sustentar. Para um projeto de grande porte e orçamento limitado, cada escolha deveria ser assertiva e com alto retorno estético e operacional.

Diagnóstico e formatação do conceito

 O ponto de partida foi compreender profundamente a operação, desde o maquinário trazido da Coreia do Sul até o fluxo de atendimento e preparo dos pratos. A partir desse entendimento e da leitura arquitetônica do imóvel, desenvolvemos a setorização:


  • Área de serviços posicionada no fundo, otimizando os espaços construídos e permitindo que a nova área construída abrigasse uma área técnica para locar as caixas d’água e dedicar um espaço para verticalização do sistema exaustão, inviável na área já construída devido à presença de outros estabelecimentos acima.
  • Área de clientes ocupando toda a porção frontal com pé-direito duplo, garantindo imponência e visibilidade desde o acesso.


O fluxo foi pensado para valorizar a experiência: o cliente é recebido em um hall de espera — solução tradicional em restaurantes do local —, atendido por um bar que também serve o salão principal. O salão térreo, com 80 lugares, é complementado pelo mezanino, reservado a grupos e eventos fechados, com capacidade para 26 pessoas.


Nas laterais do eixo central, mesas fixas acomodam as churrasqueiras embutidas, conectadas a um sistema de exaustão subterrâneo que percorre todo o salão até a área técnica. 

Arquitetura conceitual: cores, símbolos e materiais

 O desafio estético não estava apenas em traduzir o gosto do cliente, mas em materializar um conceito carregado de significado, capaz de comunicar tradição, riqueza e autenticidade cultural. A inspiração veio da simbologia das cores e elementos tradicionais da Coreia do Sul, reinterpretados para o contexto contemporâneo do projeto:


  • Dourado e amarelo — associados ao equilíbrio, à estabilidade e ao poder real, remetendo à realeza coreana e à nobreza de seus palácios.
  • Azul-petróleo — símbolo de crescimento, renovação e sofisticação, conferindo profundidade e imponência ao espaço.
  • Vermelho terracota — expressão de vitalidade, alegria e calor humano, criando contraste com a paleta fria e reforçando o caráter acolhedor.


O salão principal, longo e imponente, exigia uma estratégia de ambientação capaz de equilibrar sua escala monumental e guiar o visitante por um percurso fluido e agradável. A solução foi dividi-lo em três porções conectadas visualmente. A primeira, próxima à entrada, abriga o bar e algumas mesas, funcionando como recepção calorosa e ponto de integração. Em seguida, dois setores exclusivamente destinados às mesas de salão completam a experiência, mantendo ritmo e continuidade.


Essas transições são perceptíveis, mas não se apoiam em barreiras físicas. Foram definidas por elementos arquitetônicos e visuais que estruturam a narrativa do espaço: pilares de madeira escura, evocando a solidez e a matéria-prima das construções tradicionais coreanas; painéis laterais cruzados que criam movimento e dialogam com a geometria do ambiente; e mobiliário que alterna tipologias — ora robusto, ora leve — para introduzir dinamismo e aproximar as proporções da escala humana.


Nos materiais, o diálogo é entre tradição e contemporaneidade. A madeira em tom mel, comum nos interiores coreanos atuais, contrasta com o azul-petróleo, trazendo acolhimento e calor. Os painéis claros adicionam sofisticação e textura, atenuando o impacto da paleta escura, e ainda, evidenciando a percepção monumental do imóvel. Pedras e cerâmicas artesanais reforçam o vínculo com as técnicas tradicionais, enquanto superfícies metálicas douradas introduzem brilho e requinte, equilibrando passado e presente.

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O pé-direito alto, marca arquitetônica do imóvel, foi trabalhado cenograficamente para criar um gradiente de alturas que acompanha a jornada do cliente. No setor do bar, o rebaixo do teto gera proximidade e aconchego; na porção central, um grande elemento suspenso — um lustre de tecido ondulado, iluminado internamente — cria leveza e estabelece um ponto focal; no último setor, o pé-direito original valoriza as janelas do mezanino, conduzindo o olhar para cima e encerrando o percurso com amplitude.


O piso também narra essa fusão cultural: o concreto aparente, bruto e industrial, convive com ladrilhos hidráulicos artesanais, produzidos nas cores da paleta e com um delicado desenho floral inspirado na Rosa de Saron, flor emblemática da Coreia. A paginação irregular dos ladrilhos quebra a linearidade do corredor central e até mesmo da setorização, trazendo uma assimetria para o espaço.


Por fim, os painéis artísticos fortalecem o vínculo cultural. Na entrada, um mural com um tigre — guardião mítico, símbolo de coragem, boa sorte e ícone nacional — recebe os visitantes com imponência. Em outro ponto, a figura de um homem vestindo hanbok e gat evoca a elegância, a dignidade e a memória das tradições coreanas, convidando o público a uma experiência que transcende o espaço físico.

Operação e coerência espacial

  O formato de atendimento é à la carte, com carnes servidas cruas para preparo nas churrasqueiras de mesa, acompanhadas de guarnições tradicionais. A cozinha foi planejada para quatro frentes essenciais:

  • Grande estoque refrigerado para preservar cortes de carne e insumos.
  • Área de manipulação de carnes isolada.
  • Zona de preparação e cozinha de finalização para as guarnições. 
  • Lavagem próxima à operação e integrada à cozinha para agilidade.


O bar, com operação simples e voltado a bebidas engarrafadas, sucos e vinhos, apoia tanto o salão quanto a área de espera. 

O projeto da churrascaria coreana é um exemplo de como a arquitetura gastronômica pode alinhar identidade cultural, eficiência operacional e impacto estético. Partimos de um galpão industrial e, por meio de estudo aprofundado do negócio e domínio técnico, criamos um espaço onde o cliente não apenas se alimenta, mas vivencia uma experiência coerente, imersiva e memorável. Conectando São Paulo à alma da Coreia do Sul.

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