SANDUBINHA DO BEM

A Sandubinhas, localizada na Rua dos Pinheiros em São Paulo, nasceu de um universo criativo único: a Sandubolândia, uma história em quadrinhos no Instagram onde ingredientes ganham vida e se transformam em personagens. Os protagonistas são dois opostos complementares: o Sandubinha do Bem e o Sandubinha do Mal.

Antes de se consolidar como “Sandubinhas”, o negócio começou como Sandubinha do Bem, em plena pandemia, no formato minimalista, operando com foco em delivery e take away. Apesar da alta qualidade dos sanduíches — assinados pelo chef Vitor Bourguignon, vencedor do MasterChef — havia uma lacuna clara: a experiência física não traduzia a energia e o humor das HQs. O desafio era direto: crescer em faturamento e transformar a loja em um espaço tão envolvente quanto seu universo digital.

Na análise inicial, percebemos uma incoerência entre a comunicação digital e a presença física:

• O minimalismo da loja não transmitia a vitalidade, coloração e divertimento das HQs.
• O layout limitava o salão, com poucas mesas internas e área externa dependente do clima.
• A cozinha ocupava mais da metade do imóvel, com espaços ociosos e fluxos de trabalho ineficientes.
• O balcão de atendimento superdimensionado consumia espaço que poderia ser destinado aos clientes.
• Até o nome original — “Sandubinha do Bem” — gerava dúvidas sobre a proposta do negócio.

Era necessário redesenhar o espaço para alinhar arquitetura, branding e operação, criando uma experiência coerente e atraente.

O ponto de partida foi a cozinha. Redesenhamos o layout, setorizando as etapas de preparo, cocção e finalização, o que liberou área para salão e garantiu eficiência operacional. Isso possibilitou:

• Inserir um sanitário para clientes.
• Criar um balcão de atendimento otimizado, com integração direta à cozinha por passa-pratos e estações de autoatendimento.
• Reorganizar o espaço com um eixo de circulação central, que distribui mesas e cadeiras de forma equilibrada.

O resultado: o salão, que antes acomodava apenas 14 clientes (06 internos e 08 externos), passou a comportar 26 lugares (22 internos e 04 externos). Um salto de capacidade que ampliou o potencial de consumo e a permanência no local.

Durante a reforma, trabalhamos lado a lado com a equipe de marketing para criar uma narrativa em tempo real. No Instagram, as HQs passaram a mostrar o confronto entre Sandubinha do Bem e Sandubinha do Mal, construindo suspense e expectativa no público.

No espaço físico, a solução arquitetônica traduziu essa disputa em uma dualidade cenográfica:

• De um lado, o universo fresco, colorido e positivo do Bem.
• Do outro, o território underground, industrial e provocador do Mal.

Essa abordagem transformou a loja em uma imersão na Sandubolândia, aproximando o físico do digital e fortalecendo a marca de forma única.

No antigo espaço, o forro era arredondado e totalmente branco. Decidimos preservar parte dele no lado do Sandubinha do Bem, como memória e continuidade, reforçando a leveza dessa metade da loja.

No lado do Sandubinha do Mal, o forro foi removido estrategicamente, revelando infraestrutura aparente — tubulações, dutos e instalações — e criando um ambiente mais cru e industrial. Para manter a referência do desenho original, inserimos arcos de LED vermelho, acompanhando a curva do antigo forro e reforçando a atmosfera cenográfica.

Assim, o teto se tornou um marco de transição: um lado acolhedor e clean, outro ousado e urbano. Essa dualidade espacial guia o olhar e reforça a narrativa ao longo da experiência do cliente.

• Paleta cromática:
  • Bem: amarelo, laranja e verde, associados a frescor e vegetais.
  • Mal: preto e vermelho, transmitindo peso e intensidade.
• Materiais: optamos por acabamentos duráveis e de fácil manutenção, como metal pintado, MDF, tecidos resistentes e granitina tingida aplicada no piso, balcão e mesas. Essa escolha ajudou a uniformizar o conjunto visual, evitando excesso de informação.
• Mobiliário sob medida: desenvolvemos peças exclusivas para equilibrar conforto e rotatividade. Mesas altas e banquetas favorecem consumo rápido, enquanto mesas baixas incentivam maior permanência.
• Sanitário temático: a inclusão do banheiro trouxe não só praticidade, mas também narrativa, inspirado em outro personagem da HQ — o Malagueto.

 A iluminação foi desenhada para complementar a narrativa espacial.

• No lado do Bem, fitas de LED em tonalidades de amarelo criam atmosfera acolhedora.
• No lado do Mal, LEDs vermelhos intensificam o caráter industrial.

Apesar do contraste, a equalização da iluminação garante unidade visual, permitindo que os dois lados dialoguem sem fragmentar a experiência.

A transformação arquitetônica trouxe resultados expressivos:

• Aumento de 100% no faturamento já nos primeiros meses após a reforma.
• Maior conexão entre marca, espaço físico e universo digital.
• Experiência imersiva que gera curiosidade, atrai novos clientes e fideliza o público.
• Consolidação da Sandubinhas como case de sucesso em arquitetura gastronômica e storytelling aplicado ao varejo.